quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Do Brasil ao Paraguai com escala no Japão

Em tempos de (con)fusão entre realidade e ficção, me pego desenhando mentalmente a cidade de São Paulo como um labirinto de portais mágicos, daqueles que vemos em desenhos e filmes e, se brincarmos com nossa criatividade poderemos atravessar diversas portas encantadas.

No último domingo ao passar pela catraca da estação Liberdade do metrô cruzei um desses portais, ao subir as escadas alcancei o Japão! Quem imaginaria chegar à terra do sol nascente de metrô? Curiosos e atentos meus olhos se acostumavam à paisagem – prédios com fachadas de madeira com colunas vermelhas, detalhes dourados, telhados curvos e diversos letreiros nos quais não tenho a menor ideia do que esteja escrito – e com a discreta beleza nipônica um semáforo atraiu minha atenção, o vermelho piscante não emoldurava um grande círculo ou um homenzinho parado, mas as charmosas e típicas lanternas japonesas que iluminam e identifica o bairro oriental e para meu deleite (penso que para muitos outros também). No próximo quarteirão o semáforo exibia o tori, um portal que representa a separação entre o mundo físico e o espiritual segundo a fé xintoísta.



A iniciativa da prefeitura de São Paulo de costumizar os semáforos em alguns pontos turísticos ressaltam a beleza de monumentos, histórias e pessoas que compõem o mosaico paulistano.




Aproveitei o portal a minha frente e prossegui, a minha frente descortinou-se outra paisagem, balões e bandeiras tricolores – azul, branco e vermelho – tremulavam em um pátio cheio de pessoas que aguardavam o término da missa. Era a festa de Tupãssy Caacupe, Nossa Senhora de Caacupe, padroeira do Paraguai, participei da missa celebrada em espanhol e guarani, sinal da resistência à colonização e manutenção da identidade de uma nação que ferida por guerras e marcada pelo estereótipo. Ao término da missa me embrenhei no meio povo para tentar comer a sopa paraguaya, mas não deu tempo, havia acabado, tudo bem fica para a próxima! No palco o grupo folclórico Alma Guarani fez com as centenas de pessoas vibrassem ao apresentarem populares danças paraguaias, lindas e habilidosas mulheres rodavam suas saias e equilibravam jarros de barros ao som da célebre galopera, rapazes se duelavam com sapateados e pequenos “chicotes” e por fim uma vez mais as bailarinas com a destreza da valente mulher paraguaia equilibravam sobre as cabeças garrafas ao som de tren lechero, naquele instante bem baixinho fiz uma prece agradecendo a Deus pelo privilégio da diversidade e pedi a Ele sabedoria para respeitar e proteger essa riqueza.







O sol naquela tarde ardia implacável e,somente ele conseguiu me deter (e quase derreter), exausto me dirigi ao primeiro portal, a catraca do metrô e assim retornei ao meu pacato universo.

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