domingo, 6 de julho de 2014

Alemanha em terra santa, salve São Paulo, salve Santo Amaro

Uma das favoritas a erguer a taça, a Alemanha, vem empolgando a torcida e tentará driblar o Brasil no próximo jogo!

A relação de São Paulo com a terra de Goethe é quase bicentenária. Em dezembro de 1827 um grupo de imigrantes alemães desembarcou no Porto de Santos, litoral paulista, em busca de uma nova vida e condições financeiras melhores, em sua maioria agricultores e artesãos. Somente em junho de 1829 o governo disponibilizou terras para assentar o grupo de estrangeiros, o destino era Santo Amaro, bairro fundado pelo padre José de Anchieta a partir de um aldeamento indígena, recebera o nome do santo cuja imagem foi trazida pelo jesuíta à capela local. Em 1832 o distrito foi elevado à categoria de cidade, porém, em 1935 foi incorporado novamente à cidade de São Paulo, tornando-se mais uma peça no mosaico cosmopolita paulistano.

Os colonos se estabeleceram na região hoje formada pelos bairros Colônia (onde muitos têm sangue e sobrenome germânicos e ainda há um cemitério construído por alemães no século XIX) e Parelheiros (segundo uma rápida pesquisa o nome do bairro originou-se do termo parelha corrida de cavalos, prática comum entre alemães e brasileiros no local). Em virtude do não cumprimento das garantias que o então governo imperial havia informado a dispersão dos colonos fora inevitável. Alguns se estabeleceram na região central de Santo Amaro onde criavam animais, cultivavam hortaliças e produziam artesanatos e utensílios que eram vendidos em feiras na região do Bixiga (atual Bela Vista), este fluxo motivou a construção da linha férrea.

A presença alemã na atualidade em terras (outrora) santamerenses encontra-se na arquitetura de casas no bairro de Campo Belo, na tradicional Maifest, celebração da chegada da primavera alemã, realizada no bairro do Brooklin e inconteste diluído no caráter empreendedor e comercial tão marcante na região!

Ps. Não há como falar de São Paulo sem mencionar Santo Amaro, por essas terras passaram o imperador d. Pedro II, José de Anchieta (hoje santo) e aqui nasceu o bandeirante Borba Gato, em homenagem a este último há uma estátua localizada na confluência das avenidas Adolfo Pinheiro e Santo Amaro guardando a entrada do bairro. A obra é de autoria de outro santamarense, Julio Guerra, um monumento de gosto duvidoso para alguns, despercebido para outros, mas para mim o mais belo ícone da identidade paulistana! Ao lado há um pequeno monumento que por meio de painéis de mosaicos contam a história da região, um ponto a ser visitado!









Não pude deixar de registrar o detalhe do calçamento local, é São Paulo!!

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Back to Nigeria

Entre as equipes africanas chega para sua quinta participação em mundiais a seleção nigeriana.

Berço da cultura ioruba (fortemente presente no estado da Bahia!) e pólo cinematográfico, Nollywood, a Hollywood africana, a Nigéria chega ao Brasil marcada pela ferida aberta pelo grupo extremista boko haram, militantes islâmicos que buscam derrubar o governo local e instaurar um estado islâmico. Conhecidos por seus atos violentos tornaram-se pauta recentemente com os recorrentes seqüestros de meninas, ora vendidas como escravas ora assassinadas. O movimento bring back our girls ganhou adesão de anônimos e celebridades por todo o mundo, incluindo a primeira dama estadunidense, Michele Obama.

Aqui em São Paulo há uma grande concentração de nigerianos na região central da cidade em particular nas imediações da alameda Barão de Limeira, onde podemos encontrar estabelecimentos comerciais (restaurantes) de propriedade de imigrantes africanos ...

Como já disse em outro momento, não entendo de futebol, mas me junto ao time que joga pela vida!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Um nobre artista no reino do futebol

Não sou fã de futebol, mas em tempo de Copa do Mundo me aventurei participando de uma das transmissões de jogo da seleção canarinho na Fifa Fan Fest, uma das exigências da Fifa ao país-sede, um local para além da transmissão do jogo, servir de divulgação para seus patrocinadores.

A partida era Brasil e Chile pelas oitavas-de-final, dois tempos de 47 minutos em média, depois prorrogação com quase 40 minutos e por fim cinco pênaltis de cada lado e a decisão se deu apenas no último chute, Brasil classificado para as quartas-de-final e Chile de volta à casa.

Apesar de presenciar grosserias e hostilidades gratuitas aos torcedores chilenos foi emocionante compartilhar da vibração dos torcedores alguns oscilando entre devoção e fanatismo, mas todos orgulhosos de serem brasileiros.

Decidi então torcer pelo Brasil, não pela seleção, mas pelo país. Torcer pela Educação, pela Saúde, pela Segurança e, perceber que mesmo que sejam batalhas difíceis e longas caminhadas, nesta jornada há pequenos deleites. Em virtude de suas dimensões continentais o país seja poliglota (pensando em Evanildo Bechara!) e mestiço, opto em fazer um recorte para expressar essa gana de vê-lo vencer, São Paulo, a antiga terra da garoa, mas ainda terra boa parece-me tal qual um mosaico que paradoxalmente fragmenta mantendo a unidade resume em si a grandeza deste gigante...

Colombianos, sul-coreanos, chilenos, australianos, nigerianos, argentinos aproveitavam a festa, não é este um retrato da mais cosmopolita cidade brasileira? Andar por São Paulo é como descobrir novas praias ou povoados Brasil a fora e se enamorar deles ...

Antes do jogo dei uma rápida passadinha pela Catedral da Sé, cartão-postal paulistano que comemora este ano seu sexagésimo aniversário de fundação, mas no caminho deparei-me com um mosaico, um pouco deteriorado, mas com a assinatura ainda íntegra, Di Cavalcanti, importante artista brasileiro que estampou em suas telas o Brasil plural, e elegeu a mulata como símbolo desse país e disse: "A mulata, para mim, é um símbolo do Brasil. Ela não é preta nem branca. Nem rica nem pobre. Gosta de música, gosta do futebol, como nosso povo”.

Bom, voltemos ao painel de Di Cavalcanti, a obra encontra-se na fachada do Edifício Triângulo, projetado por Niemeyer, o nome se deve a sua forma geométrica, o prédio está localizado na esquina das ruas José Bonifácio e Quintino Bocaiúva. O painel retrata os trabalhadores do café, um dos ícones do próspero momento vivido pela cidade com a economia cafeeira no fim do século XIX.


São Paulo é isso, pequenos lances fazem com que turistas, pedestres ou até mesmo moradores de rua vibrem como os brasileiros ao final da cobrança de pênaltis, bom, assim será se driblarmos a corrupção e marcamos o gol da educação, se vencermos na saúde, moradia, segurança, na cidadania!

Ah, por último, mas não menos importante um registro da aniversariante catedral.

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