terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pasárgada Paulistana

Certamente você que gosta de uma boa leitura já deve ter se deliciado com textos do poeta pernambucano Manoel Bandeira, se não com a obra completa ao menos com o famigerado “Vou-me embora pra Pasárgada”.
Segundo o poeta a palavra Pasárgada significa campo dos persas, porém, em sua imaginação nomeia uma paisagem fabulosa, um país de delícias. Provavelmente algo muito parecido com a terra sonhada por muitos imigrantes que desembarcaram em São Paulo ao longo dos séculos XIX, XX e até mesmo XXI.

Em Pasárgada tem tudo, é outra civilização, os versos de Bandeira parecem ter sido inspirados nos anúncios publicados em jornais da Europa e no Japão, estimulados pelo governo do estado de São Paulo apresentando o Brasil como terra de oportunidades. As causas da emigração eram basicamente comuns a todas as nacionalidades, pobreza no campo diante da crescente industrialização bem como o acentuado crescimento demográfico o que justifica a imigração de famílias inteiras.

Além das motivações econômicas, muitos outros imigrantes desembarcaram em terras brasileiras impelidos por questões políticas e religiosas. Todos temerosos em seus países de origem pensavam “Vou-me embora pra Pasárgada”, aqui não sou feliz. Os imigrantes desembarcavam no Porto de Santos e de lá seguiam para a hospedaria do Brás, onde recebiam alimentação, alojamento, medicação e contavam com a intermediação da instituição na busca de empregos oferecidos por indústrias locais.

Na década de 1920, cerca de 25% da população de São Paulo era constituída por estrangeiros. A metrópole paulistana ao longo de sua história tornou-se herdeira de muitos povos e, essa riqueza pode ser percebida em sua arquitetura, na gastronomia, nos esportes, nas artes e em sua religiosidade. O mosaico étnico paulistano é composto por imigrantes de dezenas de nacionalidades, cerca de setenta.

São Paulo é a maior cidade italiana fora da Itália. Acolhe os maiores contingentes de libaneses, japoneses, espanhóis e portugueses fora de seus respectivos países. Bandeira nos diz que lá (em Pasárgada) a existência é uma aventura, o que diria o poeta sobre a cidade que nunca dorme e, que tem um trânsito caótico, manifestações artísticas a cada esquina, onde se pode saborear de petiscos de botequins a mais alta gastronomia, onde se compra desde bugigangas a artigos do mais alto luxo?

De fato na Pasárgada paulistana tem de tudo, pizza de carne seca, caipirinha de saquê, prédio em forma de livro ou de melancia, mapas em que a Turquia faz fronteira coma Bélgica e a Bolívia fica pertinho da Europa. É comum ouvirmos que São Paulo é uma cidade para poucos, não concordo e, ao que têm dúvidas quanto à grandiosidade da big apple paulistana recomendo os versos de Bandeira e quando eu estiver mais triste, mas triste de não ter jeito (...) vou-me embora pra Pasárgada.

Ao ler esta crônica, meu amigo Víctor Gonzales disse ter lembrado da Hospedaria, hoje Museu do Imigrante, vasculhando os arquivos achei uma foto de lá ...


O Museu do Imigrante fica na rua Visconde de Parnaíba, 1316 Mooca, São Paulo, atualmente encontra-se em reforma, mas vale a dica!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Para Todos!

Você saberia me responder qual é a origem da palavra ônibus?! Não?! Não se preocupe apesar de interessante o conhecimento etimológico não é uma prática comum.
Bem, consultando meu bom e velho amigo Houaiss, fui informado que a palavra em questão tem sua origem no termo latino omnibus e, quer dizer para todos, ao ler isso me veio à mente outra pergunta, afinal o que é para todos?!

Certamente nós os minimamente sensatos diríamos que trata-se do transporte, da locomoção coletiva, porém, em uma sociedade tão plural como a nossa pode ser que alguém grite, grita porque preferiu não tirar os fones de ouvido: a múúsicaa! Um tempo atrás o que se ouvia dentro dos ônibus eram calorosos debates sobre novelas, jogos de futebol, programas de TV ou ainda a vida alheia, na atualidade soma-se a esses assuntos os mais variados gêneros musicais.

A mim pouco importa se as pessoas gostam de descer até o chão, de dois pra cá dois pra lá trás frente e gira, de tirar o pé do chão ou então de tumtis tumtis tumtis tumtis, imprescindível é o respeito, seja ele pelo espaço, seja pelas pessoas que dele fazem uso. Na cidade de São Paulo há uma lei que proíbe o uso de aparelhos sonoros no interior do veículo de transporte coletivo, assim como as pessoas não sabem a origem da palavra ônibus tampouco conhecem tal lei e desse modo todos compulsoriamente compartilham de preferências musicais de gosto duvidoso.

Curioso pensarmos que já existem fones de ouvido, acessórios criados visando a mobilidade e o conforto humanos e, que estão ao alcance de todos,  mas em um mundo tão marcado por protestos, modismos efêmeros, busca de uma identidade que não se sabe a qual, parece-me que  a palavra de ordem é E daí?! Indignados que se organizem, invasões, apitaços e marchas, ah, essas são o hit do momento, uns gritam, outros apanham e muitos só aparecem, afinal essa era a meta, a mesma dos que partilham suas preferências musicais com todos os outros passageiros dos ônibus, não costumo sair às ruas, pintar a cara, empunhar bandeiras ou gritar palavras de ordem, mas aqui registro meu protesto e quiçá lanço uma campanha nacional em favor do uso de fones de ouvidos!

domingo, 6 de novembro de 2011

Proteste já!

Sem dúvida a cidade de São Paulo é um grande palco no qual todos têm direito aos seus quinze minutos de fama. Parece-me que ultimamente os protestos têm ganhando a cena paulistana. O mais recente e também polêmico foi o conflito entre rebeldes universitários e policiais de práticas duvidosas, na cidade universitária da USP, logo após as "autoridades levarem à delegacia três jovens que faziam uso de drogas dentro do campus. O circo estava armado e, todos tiveram direito aos seus espetáculos! Alguns se sentiram  cerceados do direito a liberdade, houve quem evocasse a ditadura militar de décadas atrás, porém, muitos foram favoráveis à polícia e suas atuações, muito se falou e pouco foi feito, a mídia já reverberou o suficiente tal episódio. Como aluno da USP gostaria de falar de um outro protesto também realizado na cidade universitária, não sei quem o fez, muito menos quando, mas o achei digno de nota. Estava outro dia no ponto de ônibus e me deparei com uma marca de tinta no concreto do banco, me aproximei e achei bacanésimo o que vi, não resisti e cliquei, vejam:

Imediatamente me veio a mente uma música, alguém arrisca um palpite?! Vendo a foto comecei a cantarolar “Minha força não é bruta, não sou freira nem sou puta. Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda. Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem...” Pagu, da rainha do rock, a paulistana, Rita Lee. São Paulo é isso criatividade, sensibilidade e cada um na sua.!E, por falar em protestos, vivendo a primavera árabe às vésperas do verão brasileiro, não pude deixar de fora uma foto de uma manifestação ocorrida no palco maior de nossa cidade, avenida Paulista, no último sete de setembro, a turma protestava contra a corrupção tão arraigada em nosso meio político, vejam a foto e viajem nas muitas histórias que essa cidade pode nos render!

Ps. Na primeira foto lê-se Somos mulheres, não mercadoria! Já na segunda as leituras são diversas (risos).


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Catedral de São Nicolau sob novo ângulo


Fui acompanhar minha mãe a uma consulta médica e para minha surpresa essa era a vista a partir do consultório, a Catedral de São Nicolau, lá na Aclimação


Fotos Espelhadas

Na vibe da Cidade dos Espelhos, como sempre fuçando os arquivos achei duas fotos literalmente reflexivas rsrsrs, a primeira tirada no Memorial da América Latina, lugar bacanésimo e a segunda em uma rua próximo à Casa Rosada lá em Buenos Aires.





A cidade dos espelhos

Enquanto esperava o ônibus o rapaz se divertia vendo seu rosto refletido de forma engraçada na poça d’água que se formara com as chuvas, lembrou-se do tempo em que era menino e, com seus amigos tomavam banho no rio que passava no lá pé do morro.



Mais a frente um moça arruma seus cabelos na vitrine da loja e, pela vidraça notou a igreja com sua arquitetura peculiar e a imensa cruz ricamente ornamentada com flores do mesmo modo que figurava nas histórias contadas por sua avó sobre uma terra já distante.



 Naquele úmido final de manhã ventava bastante, a brisa encontrou uma senhora que delicadamente cuidava de seu jardim, ao sentir o perfume do jasmim, fechou os olhos e lembrou-se dos verões em que junto com as amigas faziam lindas pulseiras com flores de jasmim, era o cheiro da infância!



Consultando sua agenda aquele senhor percebeu que ao almoço não restaria mais que quinze ou vinte minutos, o suficiente para saborear duas ou três salteñas e ao comê-las, não conteve o riso por se recordar das muitas vezes que se lambuzou com o caldo do recheio ou então de quando queimava a ponta da língua por não esperar esfriar como sua mãe recomendara.



A tarde passou e com ela também o tempo, o imponente edifício no final da rua refletia o cotidiano daquela cidade de tantas pessoas, tantos sonhos, tantas histórias.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Muito além dos italianos, japoneses e árabes

Dedico este texto a uma pessoa muito especial, ao cholo arequipeño Víctor Gonzales, muchas gracias!




Nova cor a São Paulo



Homens vestindo hábitos roxos carregam sobre os ombros um enorme andor com a imagem de Jesus Cristo crucificado, mulheres vão à frente com flores e vasos dos quais sobe uma fumaça branca, músicos também acompanham o cortejo entoando uma melodia que confere à procissão um caráter solene. Ao redor fiéis devotos seguem à marcha. Ao som de uma campainha o cortejo pára e crianças são apresentadas à imagem de Jesus por seus pais com pedidos de bênçãos, os carregadores cedem seus lugares a outros que sobrepõem a sua roupa a veste roxa, neste momento mulheres também assumem o translado do andor, o caminhar prossegue. A procissão percorre ruas de um bairro constituído de cortiços e fortemente marcado pela droga e prostituição. A marcha continua. Pessoas saem às janelas, outros preferem entrar para suas residências, alguns param à porta do supermercado e chamam o colega para ver, o motoqueiro dá passagem, já os motoristas de ônibus preferem dividir a rua com a procissão alguns passageiros reclamam outros registram com seus celulares o que vêem. 

Essa facilmente poderia ser a descrição de uma das muitas procissões que ocorrem na sexta-feira que antecede à Páscoa, quando católicos saem às ruas para recordarem a morte de Jesus, se não fosse ela realizada em outubro e não se trata de uma versão religiosa da micareta, aquelas folias fora de época já incorporadas à cena festeira do país, mas da procissão em homenagem ao Señor de los Milagros, celebrada na Igreja Nossa Senhora da Paz, localizada na Várzea do Glicério, região Central de São Paulo, um ponto de encontro de muitos imigrantes latinos da cidade. A metrópole paulista ao longo da história tornou-se herdeira de muitos povos, o mosaico étnico paulistano compõe-se de aproximadamente setenta nacionalidades diferentes e, a cada dia novas culturas se integram na megalópole de identidade multifacetada.

A secular e belíssima devoção ao Señor de los Milagros, patrono dos peruanos residentes e imigrantes tem ganhado às ruas de São Paulo e, com isso juntamente com os artesanatos e tecidos coloridos, as músicas tocadas em flauta andina que já conhecemos há muito tempo e a gastronomia que tem conquistado o paladar dos paulistanos a incipiente comunidade peruana vem (re)criando sua identidade sócio-cultural . A devoção reúne toda a comunidade e juntos homens e mulheres, ricos e pobres em terras estrangeiras se conectam com Lima, capital peruana, onde a procissão reúne milhares de pessoas. Os peruanos começaram a chegar a São Paulo nas décadas de 1960 e 1970, a emigração foi estimulada pela conjuntura econômica, política e social vivida no país. Nas décadas seguintes o contingente de imigrantes na cidade aumentou, reflexo da ditadura militar e ações de grupos internos armados ocorridos no país de origem. O Brasil ainda constitui um pólo atrativo a imigrantes hispano americanos do sul, fato que confere uma grande contingente populacional em situação de mobilidade.

 Aqui em São Paulo os peruanos estão dispersos por muitos bairros, porém, há uma forte concentração de imigrantes na Região Central da cidade, hábeis comerciantes, comunicativos e sociáveis, características que os inserem facilmente no cenário paulistano, ainda que por muitas vezes sejam confundidos com otros hermanos, os bolivianos, comunidade bastante numerosa na cidade. Agora já sabemos que além do azul, branco  e amarelo vibrantes nas festas em honra a Nossa Senhora de Aparecida outubro também terá uma outra cor, o morado, que no início brasileiramente chamei de roxo.
Ps. Vou organizar as fotos e em breve as disponbilizo para todos.

Uma leitura diferente

Certa vez, ainda na graduação, ao ser solicitado para redigir um texto comentando uma experiência de leitura busquei em minha memória o primeiro livro com o qual teria tido contato. Com certo esforço lembrei-me de um livro comprido com ilustrações de bonecos de pano costurados a mão e uma capa que parecia se movimentar, a história era da Branca de neve, confesso que entre as infantis está não é uma das minhas favoritas!

Aos nove anos comprei “Vovó os periquitos e Colombo”, “O pombo correio”, ainda hoje os dois estão em minha estante ao lado de dicionários, gramáticas e romances, puxa e já se passaram mais de vinte anos! No período escolar não tinha o hábito de ler e pouco era estimulado, porém li alguns livros como: “A vida secreta de Jonas”, “Um estranho vizinho”, um exemplar daquela coleção “Para gostar de ler” e “O pequeno príncipe”.

Este último livro só apreciei ao relê-lo já com vinte e tantos anos... Passei pelas longas descrições de José de Alencar, pelo anseio de liberdade de Castro Alves e até cheguei a ficar com a pulga atrás da orelha com a polêmica machadiana de “Dom Casmurro”. O tempo passou e fui lendo outros livros, “O livro da selva”, de Kipling, “Os deuses de Raquel” de Moacyr Scliar.

Deliciei-me com outros autores entre eles Garcia Roza, Shakespeare, Goethe e também Jô Soares com o divertido “O xangô de Baker Street” e, até hoje me pergunto se a atriz francesa ou o detetive chegaram a descobrir quem era o serial killer que extirpava a orelha da vítima e a amarrava a uma das cordas do raro stradivarius que roubara. Bem eu sei o nome do assassino, mas prefiro não me envolver neste caso policial.

Bom, mas quando pensei em escrever essa crônica não era para relatar a minha experiência com os livros impressos, mas com um todinho de concreto! Sendo este um blogue dedicado a São Paulo, cidade dos mil povos, quis partilhar com os amigos leitores a emoção de entrar em um livro e contemplá-lo por um outro ângulo e, não era um livro qualquer, era um livro milenar, ancestral e de histórias conhecidas em todo o mundo.

Este incrível livro é a Torá, para alguns o nome pode parecer estranho, para outros engraçados, mas para muitos um tesouro! A Torá é composta pelos cinco primeiros livros da Bíblia e uma antiga tradição atribui a Moisés sua autoria. A essa altura meus amigos leitores devem estar questionando as faculdades mentais deste que risca algumas linhas, então convido a todos a embarcarem comigo nessa viagem que tem um endereço certo como ponto de partida, Rua Oscar Freire, 2500 Sumaré!

O prédio do Centro da Cultura Judaica ergue-se imponente ao lado da estação Sumaré do metrô, como um imenso pergaminho aberto convidando a todos a fazerem parte da história não só da comunidade judaica, mas na saga da diversidade paulistana. Projetado pelo arquiteto Roberto Loeb, o prédio abriga teatro, auditório, salas de aula, salão de exposições, e administração. O espaço é plural e ao mesmo tempo singular, laico com um aroma espiritual, enfim ler é viajar, amigos leitores embarquem nessa!

 Segue uma foto desse livro que nos convida a sua leitura!

Sinestesia Paulistana

A vida na big apple paulistana é sinestésica a enésima potência, ao reler o post anterior resolvi vasculhar meus arquivos e agora paratilho o que achei: Cd Cancioneiro da Imigração - Memória Musical Brasileira, um projeto bacanésimo da Anna Maria Kieffer que resgata a memória musical de imigrantes na cidade de São Paulo nos séculos XIX e XX, fica a dica da faixa 21, a leitura do salmo 3 em língua eslava. Segue o link de um programa especial da Rádio USP com a musicóloga Anna Maria Kieffer, assim dá para todos saborearem essa deliciosa aventura musical! http://www.radio.usp.br/especial.php?id=2
Achei também algumas fotos, as duas primeiras são da Paróquia Santíssima Trindade cenário da história do post anterior e as outras duas são da Catedral São Nicolau outro local de devoção da comunidade russa em São Paulo.



Experimentações

A experiência de blogar para mim ainda é incipiente, porém, o compartilhar de algumas linhas que ouso escrever já faz um tempo, busquei em meus arquivos um texto de minha autoria publicado na Revista da Folha em 13 de setembro de 2009 e em novembro do mesmo ano no site www.saopaulominhacidade.com.br, uma viagem à Russia sem sair da terra da garoa!

Enfim mais um domingo, dia de irmos à igreja. Após um longo caminho, cujo percurso fora realizado ora de metrô ora de ônibus, chegamos à rua das Giestas. À rua foi dado o nome de um pequeno arbusto marrom, de flores amarelas, utilizado para a fabricação de vassouras ou ainda para fins medicinais. Este arbusto é muito comum no Leste Europeu o que me causou grata surpresa, pois em determinada altura da rua podemos avistar a cúpula da igreja Nossa Senhora da Glória, paróquia pessoal da comunidade ucraniana.

Mais a frente a esquerda temos a Vila Zelina (zelyony, verde em russo, será uma feliz coincidência?) Em algumas leituras que fiz após minha visita ao bairro, li que o nome Zelina, trata-se de uma homenagem à filha do loteador das terras que deram origem à vila), um bairro com marcante presença de lituanos, muito expressiva na igreja São José com arquitetura típica lituana e à frente da igreja, a santa cruz ricamente ornamentada com elementos da natureza, costume comum naquele país.

Embora professemos a fé na igreja católica romana, não parei nessas igrejas, mas prossegui adiante, rumo a um pedacinho da Rússia em meio ao calor dos trópicos. Os sinos soaram e com um olhar mais atento pudemos vislumbrar em meio às árvores a cruz ortodoxa bem como as belas e inconfundíveis cúpulas, marcas da identidade arquitetônica ortodoxa. O grande movimento de pessoas de pele clara e olhos azuis, homens altos, mulheres cobrindo a cabeça com lenços coloridos certificavam-me de que ali era o local, a paróquia Santíssima Trindade, igreja fundada na década de 1930.

A divina liturgia naquela manhã congregava imigrantes e descendentes de fé ortodoxa a celebrarem a sagração do novo bispo para América do Sul. O padre George Petrenko é o primeiro brasileiro a ocupar o cargo. O meio conhecimento acerca da língua russa limita-se a um tímido "spasiba".

Embora a celebração tenha transcorrido predominantemente em língua eslava e não tinham bancos, pois nas igrejas ortodoxas não se devem ter bancos, apenas os idosos se sentam em pequenos bancos fixados nas paredes laterais, pude sentir a alegria, respeito e carinho por parte de todos que ali estavam em relação aos representantes da Igreja Ortodoxa. A beleza do momento foi enriquecida com lindas canções entoadas por um coro que conferiam à celebração um ar solene e todos os sentimentos que permeavam meu coração eram emoldurados pela rica arte icônica sempre presente nas igrejas de ritos orientais.
Transcorridas cerca de quatro horas, a divina liturgia se encerrava com sincero agradecimento do então bispo, que disse a seus fiéis a partir de então a comunidade passava a ter um padre a menos, porém havia um bispo a mais, e pediu a todos que continuassem a orar por ele em particular a partir daquele especial momento.

Mais um domingo na terra da garoa, meu amigo e eu não pudemos ficar para confraternização, mas pudemos saborear a cultura ortodoxa russa!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O vento soprou ...

O imprevisível clima de São Paulo me inspirou algumas linhas ...

Vem vem rain
Lave-me leva-me love-me
Vem vento vem
Sem pressa
Como uma prece
Abraça-me sopra-me
Vem rain vem
Derrame-me ama-me!

Quero ser poeta!

Quero ser poeta!
Escrever o mundo
desenhar sentimentos
experimentar realidades
deitar sobre as palavras, rolar por sobre elas, imprimi-las em meu corpo sorvendo a vida que delas emana!
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