sexta-feira, 8 de junho de 2012

São Paulo, pedra e poesia II

A saga da poesia que emana das pedras de São Paulo continua com o trecho da célebre Águas de Março de Tom Jobim, “é pau, é pedra, é o fim do caminho...” Não era o fim nem o começo, mas era o caminho. Na esquina das ruas França Pinto e Domingos de Moraes, na Vila Mariana encontra-se outro marco quilométrico, segundo o pesquisador Werner Vana, em texto de sua autoria entitulado A história de Vila Mariana (disponível em seu site www.wernervana.com), nos diz que em 1840 havia um pouso de tropeiros a certa altura do Caminho do Carro de Santo Amaro, local onde se iniciava o Caminho para Pinheiros (que também dava acesso a Sorocaba, Parnaíba e Itu), esta estrada consistia em um grande atalho para os viajantes vindos de Santos pela Estrada do Vergueiro com destino a Sorocaba que ao utilizá-la não precisavam passar pela cidade de São Paulo. O monolito de pedra que causa estranheza e dúvida entre os pedestres apresenta um estado supreendente de conservação, ainda pode-se ler as indicações de quilometragens contidas no marco. Um fato curioso é o marco ter um vigia, ou melhor, uma família de vigias, na esquina há uma loja de tecidos, delicadamente se achegaram e como se nada quisessem indagaram o motivo das fotos, e aí foi o ponto de partida para um rápido e bom bate papo, o herdeiro da loja, meu xará, disse que até já alteraram projetos de reformas da prefeitura no local em nome da preservação do monumento. Ps. Mil perdões, no primeiro post sobre os marcos quilométricos apenas referi ao bairro do Ipiranga, sem precisar a localização, mas aqui me redimo, o monumento encontra-se na rua Silva Bueno altura do número 375.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

São Paulo, pedra e poesia - Parte I

O cuiabano Manoel de Barros escreveu “pedra sendo, eu tenho gosto de jazer o chão (...) o sol me cumprimenta primeiro”. Já o querido itabirano Drummond escreveu “tinha uma pedra, no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento...”. E o que escreve quem vive na cidade que muitos dizem não passar de uma selva de pedra?! Escrevo o que as próprias pedras dizem, a história da cidade. No bairro do Ipiranga, lá mesmo onde “começa” o Brasil, há uma pedra digna, da arte poética de Drummond, cercada por correntes o estranho monolito parece brotar da calçada. Implantando em 1916, quando o então prefeito de São Paulo Washington Luiz decidiu instalar marcos para delimitar a quilometragem das principais estradas de rodagem que serviam à cidade, totalmente deteriorado e desprovido de todas as informações contidas no ato de sua construção. Ao sacar a câmera fotográfica alguns moradores locais foram ao meu encontro em busca de informações sobre o que seria a pedra no meio do caminho, pois não detinham informações. Fato curioso ocorreu quando fui abordado por um comerciante local que me informou haver anos atrás uma placa de identificação junto ao monumento e inexistente no momento em virtude de vandalismo, este mesmo senhor disse ser o marco, um monumento histórico provavelmente de do século XV ou XVI, fato que nos reafirma a desinformação local bem como o descaso com o patrimônio. Fica o convite a ouvirmos o que as pedras nos dizem ...
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