segunda-feira, 19 de março de 2012

Latinoamericanidade em alta

Em outros manuscritos, ou melhor, linhas virtuais escrevi que facilmente podemos nos sentir estrangeiros em São Paulo, jornais em italiano e alemão, revistas e vitrines em inglês, cardápios e convites a almoços e lanches nas indecifráveis (ao menos para esse incipiente autor) línguas orientais, isso apenas nos limitando à perspectiva lingüística.
Caminhando outro dia pela Terra dos Mil Povos deparei-me com um protesto artístico na forma mais comum de arte encontrada em São Paulo, o grafite. Em um das colunas de sustentação do Viaduto Antártica há duas figuras cheias de marra, que protestam contra a marginalização dos artistas urbanos, porém, apresentam a solução e demarcam seu espaço, as ruas. Digno de nota é a inscrição na parede estar em língua espanhola, seria um protesto imigrante?! Expressão da globalização?! Ou tão simplesmente a arte em sua essência maior, a liberdade?!
Ps. De fato aqui é a terra dos mil povos, poucos passos a frente de onde estava há uma estátua do Conde Matarazzo, agricultor italiano que emigrou para o Brasil nos tempos imperiais onde se tornou em sua época o homem mais rico do país, criador do maior complexo industrial da América Latina nos primórdios do século XX. A riqueza produzida por suas indústrias ultrapassava o PIB de qualquer estado brasileiro, exceto da big apple paulistana.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Neruda na terra da garoa

Em sua famigerada autobiografia Neruda confessa “prosterno-me diante delas [as palavras] amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as...” após me aventurar nas palavras do poeta, ousei rabiscar algumas linhas as quais partilho com todos.


Una canción casi desesperada
Esta noche yo también puedo escribir versos muy tristes.
Vacío
Solo.
Sobre mi cama
sediento de tu boca
hambriento de tu cuerpo
ansioso por tu pecho
Mi corazón se pone como un farol en lo alto del monte con su luz fuerte para guiarlo hasta mí.
Solo.
Vacío.
Silencioso.
Me quedo a tu espera.

Yo no lo sé
me gustaría mucho escribir un poema de amor
pero dentro en mi pecho donde estoy acostumbrado a encontrar las palabras
no hay palabras sino un eco
dolor
dolor
dolor
dolor
dolor.

terça-feira, 6 de março de 2012

Uma São Paulo Memorial

Ao navegar pelo site do Memorial da América Latina deparei-me com a seguinte apresentação: “Plantado em 84.480 m², no bairro da Barra Funda, o Memorial é um convite permanente às manifestações artísticas e científicas latino-americanas, um apelo para que elas façam do conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer a sua casa em São Paulo”. Duas palavras chamaram minha atenção, palavras que apenas reforçam a identidade paulistana que permeia o imaginário lúdico-coletivo dos habitantes da Paulicéia. São elas “plantado” e “convite”, a primeira remete o leitor à famigerada selva de pedras, aos espigões da avenida Paulista, ao concreto em verso, prosa e engenharia presente nos quatro cantos da cidade, já a segunda reforça o caráter hospitaleiro, acolhedor e quiçá desafiador inerente à cidade. São Paulo é uma cidade intensa, exigente, ríspida muitas vezes, porém, apaixonante, a relação com São Paulo deve ser de entrega e diria mais, entrega total, paira na mente de muitos que residem a dolorosa sentença, ame ou deixe-o, e para nossa alegria apesar do trânsito caótico, das filas colossais, dos impostos abusivos, do custo de vida que beira a altura das torres de tv, a grande maioria diz: amo e não deixo!
Sempre gostei de ver o mundo que me cerca, antes me atinha apenas às imagens, porém, hoje vejo as palavras, mas como no arquivo deste que amante da terra garoa há fotos do Memorial da América Latina, nada mal compartilhá-las, certo?!





Essa última foto é um exemplo super bacana de acessibilidade, de integração, como é o propósito do Memorial, cultura ao alcance de todos!
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