quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Do Brasil ao Paraguai com escala no Japão

Em tempos de (con)fusão entre realidade e ficção, me pego desenhando mentalmente a cidade de São Paulo como um labirinto de portais mágicos, daqueles que vemos em desenhos e filmes e, se brincarmos com nossa criatividade poderemos atravessar diversas portas encantadas.

No último domingo ao passar pela catraca da estação Liberdade do metrô cruzei um desses portais, ao subir as escadas alcancei o Japão! Quem imaginaria chegar à terra do sol nascente de metrô? Curiosos e atentos meus olhos se acostumavam à paisagem – prédios com fachadas de madeira com colunas vermelhas, detalhes dourados, telhados curvos e diversos letreiros nos quais não tenho a menor ideia do que esteja escrito – e com a discreta beleza nipônica um semáforo atraiu minha atenção, o vermelho piscante não emoldurava um grande círculo ou um homenzinho parado, mas as charmosas e típicas lanternas japonesas que iluminam e identifica o bairro oriental e para meu deleite (penso que para muitos outros também). No próximo quarteirão o semáforo exibia o tori, um portal que representa a separação entre o mundo físico e o espiritual segundo a fé xintoísta.



A iniciativa da prefeitura de São Paulo de costumizar os semáforos em alguns pontos turísticos ressaltam a beleza de monumentos, histórias e pessoas que compõem o mosaico paulistano.




Aproveitei o portal a minha frente e prossegui, a minha frente descortinou-se outra paisagem, balões e bandeiras tricolores – azul, branco e vermelho – tremulavam em um pátio cheio de pessoas que aguardavam o término da missa. Era a festa de Tupãssy Caacupe, Nossa Senhora de Caacupe, padroeira do Paraguai, participei da missa celebrada em espanhol e guarani, sinal da resistência à colonização e manutenção da identidade de uma nação que ferida por guerras e marcada pelo estereótipo. Ao término da missa me embrenhei no meio povo para tentar comer a sopa paraguaya, mas não deu tempo, havia acabado, tudo bem fica para a próxima! No palco o grupo folclórico Alma Guarani fez com as centenas de pessoas vibrassem ao apresentarem populares danças paraguaias, lindas e habilidosas mulheres rodavam suas saias e equilibravam jarros de barros ao som da célebre galopera, rapazes se duelavam com sapateados e pequenos “chicotes” e por fim uma vez mais as bailarinas com a destreza da valente mulher paraguaia equilibravam sobre as cabeças garrafas ao som de tren lechero, naquele instante bem baixinho fiz uma prece agradecendo a Deus pelo privilégio da diversidade e pedi a Ele sabedoria para respeitar e proteger essa riqueza.







O sol naquela tarde ardia implacável e,somente ele conseguiu me deter (e quase derreter), exausto me dirigi ao primeiro portal, a catraca do metrô e assim retornei ao meu pacato universo.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Dançando, dançando ...

Sou apaixonado pelo ato de caminhar, se posso ir a algum lugar caminhando não hesito em fazê-lo! Gosto de observar pessoas, construções, a vida que passa e, principalmente as criativas (e muitas vezes assassinas linguísticas) faixas, cartazes, placas.

Outro dia caminhado por um bairro vizinho deparei-me com uma faixa do governo municipal, seria apenas mais um aviso de utilidade pública não fosse o preconceito velado na informação escrita com letras garrafais: “Pancadão, não. Denuncie”, a frase está ilustrada com uma jovem tapando os ouvidos com as mãos.

Embora o ritmo seja vibrante e as vezes fazem nossos pés acompanharem, ainda que discretamente sob a mesa, o compasso, ou então repentinamente nos faz cantarolar debaixo do chuveiro o hit do momento, confesso não ter apreço pelas letras cantadas em coro por jovens que rebolam até o chão ou (quase) acasalam-se na batida do tal pancadão, realmente “vodka ou água de côco pra mim tanto faz” não discuto as preferências musicais, mas a institucionalização do preconceito contra elas.

Imagine assistir a um filme com as janelas da sala vibrando ao ritmo do pancadão. A pornografia musical em altos níveis decibéis, embora altamente incômoda é a expressão sociocultural de um dado grupo o que nos permite colocar em pauta outros temas: relações sociais, liberdade de expressão, privacidade, mas não é sobre essa discussão que escrevo, mas à informação contida na faixa, como dito anteriormente a institucionalização do preconceito.

No bairro onde moro, há muitos jovens que apreciam fervorosamente o funk, porém, o grande vilão da vizinhaça, o que nos tira o sono e muitas vezes a paciência é o famigerado samba de roda, que apesar do nome é na verdade um parente próximo, o pagode. Mesmo pouco distantes ouvimos forçadamente por horas a fio o teco-teleco-teco do pagode, de fato as janelas não vibram, mas pagodeando o som entra em casa por qualquer fresta que deixamos pelo caminho forçando nos a aumentar os volumes desde os aparelhos as nossas vozes, dormir?! Quem sabe após um concentrado chazinho de camomila!

Em junho último participei na cidade de uma manifestação contra o aumento abusivo das passagens de ônibus (uma das mais caras do país), reivindicamos mais investimentos em educação, saúde e segurança. No rastro da democracia exercida em meio aos manifestos que tomaram o país, critico uma vez mais o governo municipal por sua ação discriminatória! Sou cidadão, sou eleitor, sou leitor e entendo que poluição seja ambiental, visual ou sonora, como a questão apresentada deve ser evitada, combatida, superada, assim a prática municipal deve ser a contenção de quaisquer atos que com abusivos níveis de decibéis atentam contra o munícipe, e sabemos que anterior ao exercício da força da lei os investimentos em educação, saúde, moradia, lazer e segurança garantem sociabilidade, cidadania e observação de direitos e deveres.

Bom, já tomei nota do telefone e efetuarei minha denúncia, não contra o pancadão, mas contra o pagodão.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Um pé de quê?

Caminhando por Embu das Artes deparei-me com uma árvore, não uma árvore qualquer, não mais daquelas verdinhas com seu galhos imensos como muito havia encontrado pelo caminho, mas uma árvore colorida que me inspirou e a ela que reinava soberana em meio a estrada escrevi (e minha amiga Reni ao ler prontamente e singelamente ilustrou o poemeto)


Claro, vocês devem estar curiosos e imaginando a árvore multicor, não é?! Pois bem eu a registrei via celular, vejam! Não, não, contemplem-na!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan!

Uma dor.
Uma oração.
A dor compartilhada.
O perdão.
A caminhada.

Sob olhares curiosos, aplausos solidários, orações silenciosas e buzinaços que se alternavam entre manifestações de apoio e expressão de impaciência, dezenas de pessoas caminharam rumo à Praça da Sé. Não era uma caminhada qualquer, mas um clamor que ecoava pelas ruas centrais de São Paulo: ¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan!

Bolivianos, peruanos, japoneses e brasileiros faziam memória ao pequeno Brayan, assassinado no último dia 28 de junho na Zona Leste de São Paulo. Bandeiras, velas, cartazes e flores, cada pessoa expressava seu sentimento a sua maneira. ¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan!

Por um instante percebi-me calado em meio ao mantra uníssono ¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan! entoado pelos caminhantes e, busquei justificar aquele silêncio que parecia excluir-me daquela cena. Subitamente lembrei-me de Waly Salomão, criador do termo babilaque que o poeta definia como: “palavra polissêmica, de forte carga rítmica moderna, porém não modernosa, e claramente não está destinada a ser somente uma gíria provinciana, localista e efêmera de um gueto”, compreendi então que Brayan não representava para mim apenas o nome de um garoto assassinado, mas de crianças violentadas pela fome, pela miséria, pelos descasos governamentais, pela irresponsabilidade de seus pais, representava jovens sem esperança cuja vida fora tolhida pelas drogas, pelo desemprego, pela falta de lazer, pensei em homens e mulheres que desconhecem o acesso à educação, vivem a mendigar assistência em filas de instituições médicas, representava pessoas que sequer existem, pois não possuem documentos e se morrerem serão apenas números nas famigeradas estatísticas.

Então naquele momento de epifania ergui minha rosa branca e bradei: ¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

El gigante ha despertado

Bastou o seco estampido de uma arma de fogo para despertar outro gigante, não adormecido, mas compulsoriamente silenciado por ações preconceituosas reincidentes e contraditórias à suposta imagem acolhedora da megalópole paulistana.

Na última sexta-feira, 28 de junho, um grupo de homens encapuzados invadiu a residência de um grupo de costureiros bolivianos na Zona Leste de São Paulo em busca de dinheiro, os moradores entregaram aos assaltantes todos os valores que possuíam, cerca de R$ 4.500,00. Assustado com a violência o pequeno Brayan entregou aos bandidos algumas moedas e inocentemente pediu “no me mates”.

Um tiro.

Apenas um disparo foi o suficiente para calar a voz pueril do pequeno boliviano de apenas cinco anos, mas a dor de seus pais se estendeu por toda comunidade boliviana em São Paulo, que atualmente compõem o maior contingente de estrangeiros na cidade ultrapassando japoneses e italianos já há tempos integrados à paisagem social.

Centenas de bolivianos apoiados por imigrantes de outras nacionalidades e brasileiros solidários à causa romperam a invisibilidade social e deram um rosto à voz embargada pela dor, juntos gritaram justicia, e, penso ser este clamor não somente à família boliviana dilacerada pelo latrocínio, mas a toda uma comunidade que unida a outros grupos de (i)migrantes construíram nossa cidade e trazem consigo o sapere, palavra que em latim, tem o duplo sentido de “saber” e “ter sabor”, como é saboroso conhecer o Outro.

Muito além do famigerado gigante pétreo patrocinado por uma conhecida marca de bebidas ou pelo que despercebido aos olhos das multidões estava “deitado eternamente em berço esplêndido” o gigante que agora se levanta chama-se Humanidade e como nos apresenta um dicionário seu nome significa “sentimento de bondade e compaixão para com os semelhantes”.
Foto gentilmente cedida pelo manifestante Víctor Gonzales

terça-feira, 25 de junho de 2013

Invencionices Protestantes

Muito tem se falado sobre os cartazes, faixas e palavras de ordem que circulam em meio aos protestos que tomaram as ruas das cidades em todo o país, a espontaneidade e o caráter viral dos manifestos estimularam a criatividade popular que pouco atenta-se às normas cultas da língua, padrões por muitas vezes castradores e excludentes que sempre nos sugere um debate a respeito do dinamismo linguístico.

No movimento Diretas Já! eu tinha apenas quatro anos de idade, mas me recordo de ver pela TV uma multidão de gente gritando alguma coisa, no Fora Collor! estava com treze e meus pais acharam que eu ainda era muito novo para pintar a cara e sair às ruas pedindo o impeachment do então presidente, agora já barbado e com mais de 30 anos, me juntei à multidão para lutar por um país melhor o que de fato é possível apesar de todas as suas mazelas.

Na cidade onde moro, Taboão da Serra, uma das manifestações reuniu cerca de cinco mil pessoas que interditaram a rodovia Régis Bittencourt, importante ligação entre São Paulo e o Sul do país. Em meio ao anda-para-pula-senta-grita pude recolher algumas frases que revelam o perfil dos manifestantes bem como de suas reclamações.

Uma pauta reincidente era a tarifa abusiva do transporte coletivo da cidade, uma das mais caras no país, para circular dentro do município com pouco mais de 20km² o passageiro desembolsa R$ 3,00, da crítica bem-humorada “Meu cartaz tá amassado porque o busão tava lotado”, passando pela apologia às drogas “Olha que vergonha o busão tá mais caro que a maconha” e até mesmo pelo rebate ecoado por jovens contrários ao uso da erva “Que patifaria o busão tá mais caro que a coxinha”, o transporte público era a força motriz do movimento. Quando o cansaço parecia cercar a passeata, a euforia adolescente buscou animar os manifestantes gritando:“Quem não pula quer tarifa” criando um momento micareta que foi embalado por “Quem apoia pisca a luz” pedido de apoio aos moradores dos prédios marginais à rodovia.

Reclamações de escala nacional também chegaram às terras taboanenses, como a PEC 37 – Projeto de Emenda Constituição de autoria do Deputado Lourival Mendes PTdoB/MA que retira o poder de investigação do Ministério Público – a frase escrita em um cartaz era: “Cala boca piriguete diga não a PEC 37”, não sei a “piriguete”( risos, não sabia a quem procurar, mesmo porque não sei qual a forma correta de escrever periguete ou piriguete, a Academia ainda não registrou o termo), mas o rapaz que sustentava o cartazete não soube me explicar o que era PEC 37, fato contraditório à palavra de ordem que fora repetida a exaustão “Ei, você, manifesto não é rolê” tentativa de conferir ao evento um ar digamos sério. O Governo e seus investimentos bilionários nos campeonatos mundiais de futebol não saíram ilesos em meio ao protesto uníssono “Copa ô c.....o, educação, saúde e trabalho” e até mesmo a soberana FIFA foi lembrada “FIFA paga minha tarifa”. Ações truculentas da Polícia em outras partes do país foram lembradas com irreverência “Spray de pimenta no olho de baiano é refresco” e com orgulho “Que coincidência não teve polícia e nem violência”, poucos eram os policiais no local. Sabendo da possibilidade de atos vândalos, entre muitos havia um cartaz emblemático “Se algo der errado não me levem para o Antena”, uma crítica ao precário sistema de saúde da cidade e alusivo ao Posto de Saúde mais midiático da região e convém explicar que sua exposição nos veículos de notícia não são em virtude de excelência em atendimento.

Depois de tanto anda-para-pula-senta-grita como dizem bateu a “larica” aí o melhor cartaz para ilustrar o sentimento dos manifestantes era “Mãe prepara a comida porque mudar o Brasil da fome”.

Diferente da Praça Tahrir, no Egito, onde o povo tomou um poema por hino e o cantavam a plenos pulmões: “Oh, Egito, está perto”, em Taboão da Serra não se sabia ao certo o quê, muito menos se estava perto, mas a população enviou seu recado, um pouco desconexo, ao governo que mesmo após ser achincalhado permanece em silêncio, fato que tem provocado a população a qual já conclamou a todos para um novo protesto. Parece-me que um grupo pequeno, mas bastante coeso sabe aonde quer chegar.

Esperamos a concretização do lema de campanha do atual prefeito “Dias melhores virão”, assim acreditamos.

Foto gentilmente cedida por Adilson Oliveira - Atospress

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Protesto turco, poesia brasileira

Os últimos dias em todo o Brasil têm sido bastante tumultuados, milhares de pessoas saíram às ruas para protestarem embora muitos não soubessem o que reivindicavam, mas solidários (ou embalados pela novidade) foram às ruas. Outros manifestantes acreditavam ser a violência o caminho certo à conquista de algo incerto. E, ainda uma outra parte desta multidão conclamava a todos a juntos gritarem: Basta! Era a verbalização da indignação do povo junto ao governo, não somente pelo valor abusivo das tarifas de transportes coletivos, mas pela realidade deficitária do país cinicamente apresentada ao mundo como um país que tem obtido êxito na redução da desigualdade social.

A população escreveu mais um capítulo da história brasileira e pela primeira vez deparou-se com a necessidade de uma terceira via, pois o governo e a oposição figuravam na mesma posição, de algozes. Em uma rápida passagem pelos noticiários soube que alguns governantes foram sitiados seja na sede do governo local ou em agência bancária, como diziam muitos cartazes “o gigante acordou” ainda que sonolento e sem saber o rumo certo, seus rastros têm sido o caminho à população insatisfeita.

O Brasil tem estampado a primeira página de muitos jornais em todo o mundo, não somente pela Copa das Confederações, evento teste para o Mundial de 2014 e marcado pelas uníssonas vaias à presidenta Dilma em seu discurso de abertura, mas por seu povo sair dar inércia e reivindicar não somente o que lhe é direito, mas possível: saúde, educação, moradia, transporte, segurança, menos impostos, mais transparência e eficiência políticas e tudo com o “padrão FIFA” de qualidade como sugerem faixas espalhadas por todo Brasil em meio às manifestações, haja vista, os vultosos investimentos na realização dos eventos esportivos sediados pelo país.

As manifestações brasileiras têm pautado as conversas desde os botequins até o congresso nacional, mas ao decidir escrever sobre a onda de protestos que invade nossos dias, não o fiz pensando no tumulto que me cerca, mas no silêncio que me excita.

O governo turco anunciou a destruição de um parque em Istambul para a construção de um centro comercial, ambientalistas iniciaram pacificamente manifestações contrárias à ação do Estado, porém, foram reprimidos violentamente pela polícia local e expulsos sob o efeito de gás lacrimogêneo. A censura imposta pelo governo incitou à população que saiu às ruas não só como oponentes à destruição do parque, mas especialmente contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, e rapidamente e em grande escala se espalhou por diversas cidades turcas.

A suspensão violenta aos processos inspirou o coreógrafo turco Erden Günduz a expressar sua indignação e revolta de uma forma diferente, silenciosa. A frente da figura de Mustafá Kemal Atatürk, considerado fundador da Turquia moderna, o coreógrafo permaneceu em pé por cerca de oito horas, o jovem conquistou outros manifestantes e cerca de 300 pessoas aderiram à resistência silenciosa como ficou conhecida. Ao contemplar as imagens deste inusitado e poético protesto, lembrei-me dos versos de duas canções brasileiras, de dois reis musicais das terras de protestos em altos decibéis:

“Além do horizonte, existe um lugar
bonito e traquilo, pra gente se amar ...”

O rei do iê-iê-iê, Roberto Carlos, convida-nos a olhar além, sobrepor o olhar a muralha de policiais e veículos que expressam a repressão à democracia, estimula, inspira, orienta a seguir em frente.

Como o retrato de Atatürk fica no alto de uma parede do Centro Cultural localizado na Praça Taksim, ao ver as fotos, pareceu-me que as pessoas olhavam para o céu.

“Olha pro céu, meu amor
vê como ele está lindo ...”

O rei do baião, Luiz Gonzaga nos chama a contemplar o céu, e esta é uma mensagem que pode falar muito ao coração dos turcos, pois há uma popular lenda que diz que a bandeira turca representa a lua e a estrela refletidas em uma poça de sangue durante a guerra da independência do país.

Unido aos jovens turcos, grito: basta de pão e circo, quero pão, poesia e paz!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Interrogações Paulistanas

Uma das características mais acentuadas da cidade de São Paulo é sem dúvida sua diversidade, não importando sob qual perspectiva a vemos.

Na megalópole paulistana encontramos tudo para todos. Destaco as releituras ou reinvenções dos eventos da cidade, tudo em atendimento às demandas mais plurais existentes na urbe, Virada Cultural, Virada Sustentável, Virada Esportiva, Virada Pornô (sim, basta folhearmos os jornais de grande circulação da última semana e nos depararemos com notícias sobre o evento), Marcha para Jesus, Marcha da Liberdade, Marcha das Vadias, Parada Gay, Passeata de Professores e agora o que seria mais um manifesto, porém, fora rebaixado à categoria Atos de Vandalismo, Passeata contra o aumento das tarifas de transportes coletivos.

Para onde caminha a cidade brasileira mais importante no âmbito global? Ao buscar uma resposta, me recordo do lema da cidade Non ducor, duco, frase latina que significa não sou conduzido, conduzo! Temo para onde irei com essa cidade e temor tem sido um dos sentimentos mais compartilhados entre a população, assaltos, seqüestros, arrastões, depredações ocorrem todos os dias sob os olhos do governo, que cinicamente e violentamente tenta limpar sua imagem arranhada pelas manifestações diversas que se propagam por toda cidade. Buscando respostas, parece-me que à mente vão se abrindo bauzinhos de recordações e agora se abre um com versos de Drummond (A Flor e a Náusea):


“Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio,
paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.”


Busco respostas assistindo ao noticiário, navegando no vasto oceano tecnológico, orando ao Deus que acredito, olhando as pessoas ou simplesmente lendo poesia, quem sabe fazendo poesia:


A São Paulo em que nasci já não existe mais, sua memória concreta repousa sob o fatigado verde já quase vencido pela modernidade cinérea.
A São Paulo em que vivo não reconheço, tudo é (in)tenso, adormeço.
Recomeço.
Meço tudo o que ficou para trás.
Alcançarei?
Só se embarcar no próximo trem.

domingo, 9 de junho de 2013

Reflexo

Não sei porque esse post ficou como rascunho há tanto tempo, certamente desatenção. Mas a reflexão que me trouxe é válida, a cidade a cidade é um grande espelho, porém, São Paulo é um espelho estilhaçado, e os caquinhos refletem sua diversidade.

Na vibe da Cidade dos Espelhos (um dos primeros posts rsrsrs) e como sempre fuçando os arquivos achei duas fotos, dêem uma olhadinha
Reflexos de prédios na vidraça de um dos fantásticos edifícios do Memorial da América Latina;

Essa é la de Buenos Aires, uma rua ali pertinho da Casa Rosada, mas não me lembro ao certo

terça-feira, 28 de maio de 2013

São Paulo no Tom!

A cidade de São Paulo não desafinou, sol radiante, céu azul, faltou apenas o mar para completar a festa!

A cantora mato-grossense, Vanessa da Mata, (en)cantou os versos amorosos de sotaque carioca do maestro Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim e o coral formado pelo público de milhares de pessoas não perdeu o tom.

Famílias inteiras, jovens de todas as tribos, brasileiros e estrangeiros, unidos pelo amor nascido da genialidade de Tom Jobim, o segundo compositor mais gravado no mundo, perdendo apenas para os Beatles, o que fazia o maestro brincar: “estou em desvantagem, eles são quatro e cantam em inglês”, mas as canções de Jobim também se imortalizaram no idioma dos meninos de Liverpool, na voz do não menos extraordinário Frank Sinatra.

O local do tributo a Tom Jobim é especial à cidade e questionador à humanidade.

O Parque da Juventude, palco do evento, é o recomeço de uma nova história. Até 2002 no local funcionava a Casa de Detenção de São Paulo, um complexo penitenciário construído na década de 1920 e que ganhou repercussão nacional e internacional em 1992 quando 111 detentos foram mortos em ação da Polícia Militar. O presídio e suas histórias já foram retratados em canções, filmes e livros, e hoje, embora a história não tenha sido apagada, a página foi virada, atualmente no espaço há um grande parque de área verde, uma biblioteca para todas as idades e gostos literários além de uma escola técnica, espaços acolhidos pela sociedade que podemos comprovar com o grande número de visitantes à biblioteca, o processo seletivo bastante concorrido na escola técnica e os 120 mil participantes no show de Vanessa da Mata.

Acredito serem Educação e Cultura proveitosas iniciativas na reconstrução do sistema prisional brasileiro e a poesia um convite a um mundo melhor!


Ps. As fotos são de autoria do querido Víctor Gonzales!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Virada (multi)cultural

Inspirada na Nuit Blanche de Paris, a Virada Cultural se consolida como o maior evento cultural da megalópole paulistana. Vinte e quatro horas nonstop de arte em suas mais variadas vertentes e o melhor tudo “Catraca Livre” como diria Dimenstein.

Iniciei a noite contemplando a genialidade de Caetano Veloso pela voz da não menos extraordinária Gal Costa, com destaque ao poema de Maiakovski musicado por Caetano “Ressuscita-me/lutando/contra as misérias/do cotidiano/ressuscita-me por isso”.

Após o show era hora de jantar e se preparar para sacolejar, pois a próxima atração seria o grupo Kaoma sucesso na década de 1990, com hit Chorando se foi, uma versão da canção boliviana Llorando se fue. E para jantar escolhemos El Rinconcito Peruano, um restaurante simples, preços acessíveis e sabor autenticamente peruano. O local não é dos melhores (rua Aurora, 451, Centro, São Paulo), e também não placa de identificação, mas o clima é amistoso e a comida saborosa.

Era hora de dançar, e assim o fizemos ao som da latinidade-cigana (fake, porém divertida) de Sidney Magal e relembramos a infância com a parada de sucessos da lambada na voz de Loalwa Braz a vocalista do Kaoma, que dividiu o palco com Gaby Amarantos, do Juruna ao Mundo com seu tecnobrega, carimbó, lambada e muito treme-treme-treme-treme.

Após lambadear desejava um encontro intenso com minha cama, precisa dormir, antes ainda conferimos samba de roda da Bahia, de São Paulo e até do Pará, enfim metrô, ônibus e uma caminhadinha não foram suficientes para acabar meu sono que só foi interrompido por um @#$%&* celular que insistia em avisar que já passava do meio-dia!

As fotos são crédito de Víctor Gonzales

terça-feira, 7 de maio de 2013

Povos em Movimento

Todos os caminhos levam a Roma. E todos eles passam por São Paulo. Procissões, paradas, marchas e caminhadas tomam ruas e parques da cidade ao menos uma vez por mês. A cidade que não dorme aproveita para caminhar, cantar, dançar, promovendo uma grande festa!
O Parque do Ibirapuera no último domingo foi tomado por imigrantes dos mais diversos rincões deste “mundo, mundo, vasto mundo” como dizia o poeta. Foi a primeira edição da Parada do Migrante, as músicas e danças apresentadas não deixaram ninguém parado. Os russos que também celebravam a Páscoa russa encantaram o público com seus saltos e roupas coloridas além de distribuírem ovos coloridos, tradição do país na ocasião da festa pascal. Os caporales bolivianos e a galopera paraguaia também fizeram o povo vibrar. A repercussão do evento foi positiva entre os que aproveitavam o dia ensolarado no parque, quanto à mídia nem tanto, fato que me entristece um pouco, eventos como esse servem para conhecer o Outro e assim respeitá-lo evitando a propagação de estereótipos ou opiniões pouco respeitosas como vimos em matéria veiculada no Jornal O Estado de S. Paulo intitulada Imigrantes latinos engrossam fila por casa própria em SP em que se lê: “O aumento da imigração de latino-americanos, como bolivianos, paraguaios, peruanos e haitianos, empurrou esses novos miseráveis para favelas, cortiços e terrenos invadidos na cidade de São Paulo.” O aumento vertiginoso da população imigrante na cidade tem inserido na agenda governamental debates acerca desta temática, as próprias comunidades estrangeiras têm se mobilizado e promovido discussões sobre o acesso de imigrantes à saúde, educação, moradia, emprego e essa organização tem obtido êxito na busca do respeito aos direitos básicos do cidadão, ainda que estrangeiro, afinal, a paisagem da antiga terra da garoa é por si cosmopolita.
E as fotos, onde estão? Optei em curtir a festa dançando e aplaudindo então não foram feitas fotos do evento, mas se alguém que lê este post, esteve lá e quiser mandar uma foto, será bem-vinda!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Páscoa Multissensorial


Após a missa, o almoço em família foi adocicado por uma sobremesa peruana, mazamora morada, que um amigo dos Andes havia preparado para outro almoço, o de sexta-feira, mas como em casa somos poucos não demos conta de todo o refratário e o levamos à mesa pascal onde também estavam os famigerados chocolates.

Pausa para uma versão paulistana da siesta, ou seja, um sono rapidinho e pronto o corpo já estava revigorado para celebrar a páscoa musicalmente.

Com entrada franca a Orquestra Sinfônica Jovem Tom Jobim sob a batuta do maestro Roberto Sion fez o público vibrar ao som de Dorival Caymmi e Tom Jobim.

Certo de que o motivo da páscoa, a alegria da vida, já havia sido celebrado, ouço do outro lado da rua uma canção com forte acento latino, meu amigo peruano, identificou uma chacarera, enquanto ele se certificava do ritmo que o grupo tocava eu era atraído pelos sabores bolivianos vindos de barracas montadas do lado oposto, salteñas e pucacapas me faziam esquecer do grupo chileno que naquele momento tocava uma saya boliviana e logo depois a mundialmente conhecida Guantanamera.

Essa babel multissensorial chama-se Memorial da América Latina! Localizado no bairro da Barra Funda, este pólo de cultura latino-americana, está aberto a todos os povos! E por fim notei que a lua, cheia de si, parecia gostar do que via, pois reinava lindamente no céu que era todo seu naquele instante em que a alegria pascal emanava na música, nos sabores, na companhia ...

domingo, 17 de março de 2013

Sim, nós temos papa!

Por ocasião da Sede Vacante da Igreja Católica em 28 de fevereiro escrevi um post intitulado Habemus Papam, narrando um divertido encontro deste morador da Terra dos Mil Povos com jovens argentinos no Estádio do Pacaembu em 2007 junto ao então papa Bento XVI.

Por motivo de la Sede Vacante de la Iglesia Católica el 28 de febrero escribí una entrada con el título Habemus Papam, narrando un divertido acontecimiento que me pasó con unos jóvenes argentinos en São Paulo en 2007, junto al papa Benedicto XVI.

Como milhares de católicos em todo o mundo, acompanhei, pela internet, na tarde de 13 de março a tão esperada fumaça branca, anúncio de que a cátedra de Pedro não estava mais vazia, havia sido eleito o sucessor de Bento XVI.

Así como miles católicos en todo el mundo, acompañé por internet la tarde del 13 de marzo el esperado humo blanco, el anuncio de que la cátedra de Pedro no estaba más vacía, habían elegido al sucesor de Benedicto XVI.

Por muitos instantes as câmeras registravam sob diversas perspectivas a multidão que a cada minuto aumentava em meio à Praça de São Pedro, no Vaticano, via-se muitas bandeiras colorindo e conferindo à praça uma jovial alegria, havia até uma bandeira do Sri-Lanka! Ao ver estes símbolos tão representativos de tantos povos, línguas e culturas distintas, lembrei-me de uma música do cantor colombiano Juanes, Bandera de manos:

Muchas veces las cameras registraron todos los ángulos de la multitud que se acercaba a la Plaza de San Pedro en el Vaticano, se veía muchas banderas que llenaban la plaza de color y alegría y, ¡hasta había una bandera del Sri-Lanka! Viendo estos símbolos tan representativos para tantos pueblos, lenguas y cultura distintos, me acordé de una canción del cantautor colombiano Juanes, Bandera de manos:

«Hagamos todos, una bandera con manos negras
Una bandera con manos blancas,
por un mundo mejor en este momento
Hagamos todos, una bandera con manos mestizas,
Una bandera con manos inmigrantes
por un mundo mejor
(...)
Hagamos todos una sola bandera... todos
Derribemos fronteras, todos...
por un mundo mejor»


Este era o anseio de todos que ali estavam física ou virtualmente, tratava-se da eleição do chefe da Igreja Católica, mas com ele viria uma mensagem de esperança ao mundo, o desejo de palavras encorajadoras para (re)construção de um mundo melhor. Para nossa surpresa, o cardeal argentino Bergoglio, foi eleito papa, fiz a minha prece por ele, e imediatamente me lembrei daqueles que jovens que eu havia encontrado em 2007 na saída do estádio, imaginei o quão felizes estavam.

Este era el deseo de todos los que estaban allí, ya sea físicamente o por internet, se trataba de la elección del Jefe de la Iglesia Católica, y con él venía un mensaje de esperanza para el mundo, el deseo de palabras encorajadoras para la (re)construcción de un mundo mejor. Para nuestra sorpresa, el cardenal argentino Bergoglio, fue elegido papa, hice mi oración por él, y me acordé de los jóvenes que había conocido en 2007 al salir del estadio, me imaginé su alegría.

Estive por duas vezes em Buenos Aires, terra do Papa Francisco, cuja alcunha de o inédito lhe seria propício, o primeiro a utilizar este nome, primeiro jesuíta a ser eleito papa, o primeiro latinoamericano e o primeiro não europeu em 13 séculos. Lá percebi que a igreja se faz presente na história e a partir de agora escrevendo um novo capítulo.

Estuve dos veces en Buenos Aires, la tierra del papa Francisco, que el titulo de primero suena bien, será el primero a usar este nombre, el primer jesuita a ser elegido papa, el primer latinoamericano y el primero no europeo en 13 siglos. Entonces me di cuenta que la iglesia se hace presente en la historia y ahora escribiendo un nuevo capítulo.

Na história brasileira e particularmente a paulista há uma intensa presença dos padres jesuítas, José de Anchieta e Manoel de Nóbrega, transpuseram a Serra do Mar e ao chegar ao planalto construíram uma pequena cabana (hoje o Pateo do Collegio) onde celebraram a missa e fundaram a cidade de São Paulo. Com o carisma missionário e alma aventureira os membros da Companhia de Jesus foram importantes na expansão do catolicismo no Novo Mundo.

En la historia brasileña y en particular en la paulista hay una intensa presencia de los padres jesuitas. José de Anchieta y Manoel de Nóbrega, pasaron por la sierra del mar y al llegar a la altiplanicie paulista construyeron una pequeña cabaña (hoy es el Pateo del Colégio) donde celebraron una misa y así fundaron la ciudad de São Paulo. Con carisma misionero y alma aventurera los miembros de la Compañía de Jesús fueron importantes en la expansión del catolicismo en el Nuevo Mundo.

Em um programa de Tv, a jornalista peruana Verónica Goyzueta disse: “Se Deus é brasileiro, não precisa o papa sê-lo”, pois é Nobel, Oscar, Copa de Mundo e agora Papa estes son nuestros hermanos, e viva o papa!

En un programa de TV la periodista peruana Verónica Goyzueta dijo: «Si Dios es brasileño no es necesario que el papa también lo sea», pues sí, tienen Nobel, Oscar, Copa del Mundo y ahora Papa, estos son nuestros hermanos, ¡y viva el papa!

Enquanto relia este texto lembrei-me de outra música, agora de um argentino, Diego Torres que na visita do Papa João Paulo II à Argentina cantou Color Esperanza, um impulso à (re)construção de um mundo melhor:

Mientras leía este texto, me acordé de otra canción, del argentino Diego Torres que durante la visita del papa Juan Pablo II a Argentina cantó Color Esperanza, un impulso a la (re)construcción de un mundo mejor:


«Saber que se puede querer que se pueda
Quitarse los miedos sacarlos afuera
Pintarse la cara color esperanza
Tentar al futuro con el corazón»


OBS. ACHEI INTERESSSANTE ESCREVER EM ESPANHOL ESTE TEXTO, MAS COMO NÃO SOU UM HISPANOHABLANTE, TENTEI ESCREVER E MEU AMIGO PERUANO VÍCTOR DEU UMA AJEITADINHA NO TEXTO!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Habemus Papam

Enquanto na terra da garoa festejava-se o reinado de Momo no pequeno Vaticano a inesperada renúncia do papa Bento 16 pontuava mais um capítulo da história da humanidade.

O fato fez-me recordar de sua visita ao Brasil em 2007 para entre outros compromissos celebrar a canonização de Santo Antônio de Santana Galvão o primeiro santo 100% brasileiro.

Estive presente no estádio do Pacaembu, onde o sumo pontífice se reuniu com jovens latino-americanos.

Após o término da cerimônia presenciei uma cena pitoresca, ao sair encontrei um grupo de jovens argentinos em meio à multidão juvenil brasileira e prontamente a disputa começou, afinal estávamos em um campo de futebol.

- Temos Pelé! Disse um brasileiro.

- ¡Y nosotros tenemos Maradona, lo mejor! Retrucou um jovem argentino - com seu típico mullet – e, acrescentou batendo no peito: ¡somos bicampeones!

- E o que importa, somos penta! Replicou o brasileiro.

Não contente el hermano disse: también somos penta, tenemos cinco Premios Nobel ... e o argentino continuou ¡además tenemos un Oscar!

O brasileiro coçou a cabeça, pensou e entusiasmado gritou: temos um santo!

O argentino ficou a pensar e sem respostas abraçou o brasileiro e deram vivas ao papa!!

Como sempre revirando os arquivos achei algumas fotos, ruins, um pouco desfocada, distantes, mas vale a recordação!


Essa foi a primeira foto que encontrei, uma grande bandeira argentina com o nome do então papa Bento 16. Não poderia deixá-la de fora.


Encontro com os jovens no estádio do Pacaembu (SP).


Encontro com os jovens no estádio do Pacaembu (SP).


Encontro com os jovens no estádio do Pacaembu (SP).


Cerimônia de canonização de Frei Galvão no Campo de Marte (SP).


Cerimônia de canonização de Frei Galvão no Campo de Marte (SP).

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carnaval com sotaque portenho



Pensando em arrecadar fundos para as apresentações da companhia, em 1906 um grupo de artistas espanhóis saiu às ruas de Montevidéu cantando e dançando, esta folia inspirou artistas uruguaios que no ano seguinte saíram às ruas satirizando o fato ocorrido na capital uruguaia.



Outros grupos surgiram e com o passar do tempo foram denominados murga, por curiosidade fui pesquisar o termo e significa: conjunto de músicos desafinados. À música que era tocada foram acrescentadas influências do candombe, ritmo uruguaio surgido no século XVIII com o tráfico de escravos africanos à região do Prata.



A teatral e bem humorada murga avançou fronteiras e em tierras tangueras então nasceu a murga porteña que navegou Prata acima e no carnaval de 2013 aportou na terra dos Mil Povos e fez o paulista bailar.



A folia em São Paulo foi animada pelos argentinos da Zarabanda Arrabalera que desde 2008 faz ecoar a murga não deixando ninguém parado!



Esse é o carnaval da cosmopolita São Paulo: inspiração espanhola, ritmo uruguaio, sotaque argentino e ziriguidum paulistano, salve a terra dos Mil Povos!

Essa é uma apresentação do Candombe Uruguaio realizada no Memorial da América Latina por ocasião da festa do Dia de la Hispanidad!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Poema Pluviométrico

Ela estava longe, mas pediu ao vento seu companheiro que nos avisasse de sua breve chegada. Ao chegar trouxe consigo a poesia
Chooooove.
Choooooove.
Chooooooove.
Choooooooove.
Chooooooooove.
Choooooooooove.
Chuvão!
Chuvão!
Chuuuva!!
CHOVe.
CHOve.
CHove.
Chove.
chove.
cho ... ve ...
cho ... ve ...
cho ... ve ...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

São Paulo de todos os povos rogai por nós!

Há um tempão li um texto do Gilberto Dimenstein que relacionava a taxa de civilidade de uma cidade ao tamanho de suas calçadas, não me recordo ao certo o foco do texto, mas penso ser o mau estado de conservação bem como a falta de padrão das calçadas na cidade de São Paulo, pedestres muitas vezes são obrigados a transitar pelas ruas ao passo que as calçadas com buracos, árvores, amontados de lixos e desníveis os impendem de fazer uso do passeio público, o problema se agrava quando os que se utilizam das calçadas são idosos, cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida. Embora este problema seja pauta de diversos órgãos públicos, relembrei do tema ao me deparar com uma calçada que estampava o famoso mapa geometrizado do estado de São Paulo, criado na década de 1960 pela então desenhista da Secretaria de Obras, da Prefeitura de São Paulo, Mirthes dos Santos Pinto, um rascunho sem muita pretensão tornou-se um dos mais conhecidos símbolos da paulistanidade. O rápido registro da calçada deixou meus olhos mais atentos e, em uma caminhada rápida pelas imediações localizei outras quatro calçadas estampando o ícone da paulicéia!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

São Paulo de homens e améns - De los Andes

Em 2012 fiz uma série chamada Photográfica Poética Paulistana em homenagem à cidade de São Paulo, este ano optei por uma perspectiva Para finalizar a série São Paulo de homens e améns pensei no sincretismo religioso-cultural vindos dos Andes que aterrissou na terra da garoa e se mescla à paisagem paulistana. Na cultura andina em 24 de janeiro é celebrado el ekeko, deidade da abundância. Pela manhã as pessoas compram representações em miniatura dos sonhos e esperanças que almejam para aquele ano e ao Meio-dia recebem a bênção de um sacerdote aimara e um sacerdote católico. A festa remonta o final do século XVIII, foi instituída em comemoração a resistência da cidade de La Paz ao cerco comandado por Túpac Katari e que durou 109 dias. Infelizmente por questões laborais nunca participei da festa, mas quando estive em Arequipa, Peru encontrei-me com el Ekeko e “bati um papo” com ele!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

São Paulo de homens e améns - Rússia

Continuando a navegar na onda eslava lembrei-me de uma visita que fiz à Paróquia Santíssima Trindade, comunidade cristã ortodoxa russa na Vila Alpina, revirei meus arquivos e achei algumas fotos:

À comunidade russa nós paulistanos entoamos um grato e sonoro SPASIBA! Muito obrigado por nos apresentar e compartilhar sua rica cultura!

Quando eu crescer (risos) quero ser fotográfo ...


Embora seja um estilo de versos surgido na Irlanda, tentei rabiscar um limerique como forma de homenagem à comunidade russa, são cinco linhas, três versos rimando, o primeiro, o segundo e o quinto; o terceiro e o quarto, mais curtos, rimam entre si. Conheci os limeriques lendo Tatiana Belinky, nascida em São Petersburgo chegou ainda criança no Brasil e ao longo de seus quase 100 anos escreveu dezenas de livros que continuam a encantar crianças, jovens e adultos apaixonados pelas letras ...


Benjamin, o meu peixinho
é todo engraçadinho!
Dá pirueta
e faz careta
e nem fica vermelhinho!
(tá eu sei a foto do Benjamin tá ruim, mas era a única que tinha dele!)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

São Paulo de homens e a améns - Lituânia

Na cidade de São Paulo, a Vila Zelina, localizada na Zona Leste, é um importante e tradicional núcleo da comunidade lituana e seus descendentes, na principal praça do bairro, chamada República Lituânia, ergue-se solenemente singela a igreja São José, com sua típica arquitetura lituana servindo à fé da comunidade; a frente da comunidade encontra-se uma cruz ricamente ornamentada com elementos da natureza, prática comum em terras lituanas.
Nem mesmo a distância geográfica é capaz de romper os vínculos afetivos entre a cidade de São Paulo e a capital lituana Vilna. Aqui na terra da garoa, mais especificamente no rincão lituano, Vila Zelina, há uma réplica do Monumento à Liberdade, que em Vilna foi destruído pelos russos e reconstruído após a independência lituana.
Além de afetivo mantemos o laço artístico, em 1923 aportou em terras brasileiras o pintor, desenhista e escultor lituano, Lasar Segall que declarou ter conhecido no Brasil o “milagre da luz e da cor”. Além do colorido brasileiro, a obra de Segall é marcada pelo sofrimento humano, a humanidade sob os algozes da própria humanidade. A contemplação de sua obra é um convite a refletirmos os limites do homem, o que me faz pensar ser o amor o único elemento capaz de transcender esses limites. Vasculhei em meus arquivos alguma foto de alguma obra do Segall, mas não encontrei, então recorri ao Centro da Cultura Judaica, um lugar incrível, que já acolheu um linda exposição do Segall, e sendo ele judeu, com click da grande Torá erguida na Oscar Freire, presto minha homenagem.

domingo, 20 de janeiro de 2013

São Paulo de homens e a améns – Ucrânia

A quarta maior comunidade de ucranianos e seus descendentes fora da Ucrânia encontra-se no Brasil, 80% estão no Paraná.
Em São Paulo há uma pequena, porém, organizada comunidade, cuja religiosidade manifesta-se na igreja Nossa Senhora da Glória, localizada na Vila Bela, Zona Leste da cidade, com sua típica cúpula bizantina além do monumento erigido em comemoração ao primeiro milênio do Cristianismo na Ucrânia.
Nas terras dos amarelos trigais e céu azul nasceu a ucraniana mais brasileira que conhecemos, fez da literatura o Norte de sua busca pela essência humana, Clarice Lispector!
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