quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Correspondência


Taboão da Serra, 01 de novembro de 2012.

Ontem estava lendo o jornal quando me deparei com uma matéria sobre o Dia D, o dia de Drummond, aquele poeta da pedra no meio do caminho, lembra? O texto falava sobre um poema que eu não conhecia, A Luís Maurício, Infante. Drummond o escreveu quando seu segundo neto nasceu. Automaticamente lembrei-me de um bilhete-poema dedicado a outro segundo neto, bem, de fato, não era o segundo neto, mas era tido como tal, em virtude de a família desconhecer o paradeiro dos anteriores. Acostumada a escrever apenas cartões de natal para trocar com suas amigas ou anotar telefones nos pedaços de papel que geralmente deixava no móvel ao lado de sua cama, seu poema-bilhete tal qual o escrito de Drummond, era a manifestação do carinho, conselhos e a partilha de ensinamentos de vida a um infante que completava mais uma primavera, a quinta! Esse presente-poema ficou guardado por muitos anos, até que o rapazinho crescesse e fosse capaz de guardá-lo por si só. Hoje o menino é um homem barbado e já passadas vinte e oito primaveras desde aquele pedacinho de papel, ousa rabiscar algumas linhas aspirando o título de poesia e, tenta penetrar surdamente no reino das palavras onde segundo Drummond estão os poemas que esperam ser escritos e de onde certamente saiu aquele bilhetinho em 17 de maio de 1984.

Saudades.

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