terça-feira, 11 de junho de 2013

Interrogações Paulistanas

Uma das características mais acentuadas da cidade de São Paulo é sem dúvida sua diversidade, não importando sob qual perspectiva a vemos.

Na megalópole paulistana encontramos tudo para todos. Destaco as releituras ou reinvenções dos eventos da cidade, tudo em atendimento às demandas mais plurais existentes na urbe, Virada Cultural, Virada Sustentável, Virada Esportiva, Virada Pornô (sim, basta folhearmos os jornais de grande circulação da última semana e nos depararemos com notícias sobre o evento), Marcha para Jesus, Marcha da Liberdade, Marcha das Vadias, Parada Gay, Passeata de Professores e agora o que seria mais um manifesto, porém, fora rebaixado à categoria Atos de Vandalismo, Passeata contra o aumento das tarifas de transportes coletivos.

Para onde caminha a cidade brasileira mais importante no âmbito global? Ao buscar uma resposta, me recordo do lema da cidade Non ducor, duco, frase latina que significa não sou conduzido, conduzo! Temo para onde irei com essa cidade e temor tem sido um dos sentimentos mais compartilhados entre a população, assaltos, seqüestros, arrastões, depredações ocorrem todos os dias sob os olhos do governo, que cinicamente e violentamente tenta limpar sua imagem arranhada pelas manifestações diversas que se propagam por toda cidade. Buscando respostas, parece-me que à mente vão se abrindo bauzinhos de recordações e agora se abre um com versos de Drummond (A Flor e a Náusea):


“Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio,
paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.”


Busco respostas assistindo ao noticiário, navegando no vasto oceano tecnológico, orando ao Deus que acredito, olhando as pessoas ou simplesmente lendo poesia, quem sabe fazendo poesia:


A São Paulo em que nasci já não existe mais, sua memória concreta repousa sob o fatigado verde já quase vencido pela modernidade cinérea.
A São Paulo em que vivo não reconheço, tudo é (in)tenso, adormeço.
Recomeço.
Meço tudo o que ficou para trás.
Alcançarei?
Só se embarcar no próximo trem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

----------------------------------------------- */