segunda-feira, 8 de julho de 2013

¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan!

Uma dor.
Uma oração.
A dor compartilhada.
O perdão.
A caminhada.

Sob olhares curiosos, aplausos solidários, orações silenciosas e buzinaços que se alternavam entre manifestações de apoio e expressão de impaciência, dezenas de pessoas caminharam rumo à Praça da Sé. Não era uma caminhada qualquer, mas um clamor que ecoava pelas ruas centrais de São Paulo: ¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan!

Bolivianos, peruanos, japoneses e brasileiros faziam memória ao pequeno Brayan, assassinado no último dia 28 de junho na Zona Leste de São Paulo. Bandeiras, velas, cartazes e flores, cada pessoa expressava seu sentimento a sua maneira. ¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan!

Por um instante percebi-me calado em meio ao mantra uníssono ¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan! entoado pelos caminhantes e, busquei justificar aquele silêncio que parecia excluir-me daquela cena. Subitamente lembrei-me de Waly Salomão, criador do termo babilaque que o poeta definia como: “palavra polissêmica, de forte carga rítmica moderna, porém não modernosa, e claramente não está destinada a ser somente uma gíria provinciana, localista e efêmera de um gueto”, compreendi então que Brayan não representava para mim apenas o nome de um garoto assassinado, mas de crianças violentadas pela fome, pela miséria, pelos descasos governamentais, pela irresponsabilidade de seus pais, representava jovens sem esperança cuja vida fora tolhida pelas drogas, pelo desemprego, pela falta de lazer, pensei em homens e mulheres que desconhecem o acesso à educação, vivem a mendigar assistência em filas de instituições médicas, representava pessoas que sequer existem, pois não possuem documentos e se morrerem serão apenas números nas famigeradas estatísticas.

Então naquele momento de epifania ergui minha rosa branca e bradei: ¡Justicia para Brayan! ¡Justicia para Brayan!

Um comentário:

  1. O único consolo está nas sagradas escrituras: . . Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus.
    Mateus 19:14
    R.A.T.

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